Córnea
Córnea
Patologias

Conjuntivite:

A conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, uma membrana transparente que cobre parte do globo ocular e a parte interna das pálpebras. Na conjuntiva observam-se pequenos vasos sanguíneos, que quando se inflamam, dão ao olho um aspeto avermelhado. As conjuntivites só têm evoluções benignas que não afetam a visão mas podem complicar-se, se não forem tratadas adequadamente.

Insuficiência Límbica:

A síndrome de insuficiência límbica supõe que deixa de haver uma fonte para as células do epitélio corneano. Este é substituído pelo epitélio conjuntival que habitualmente invade a córnea, não é transparente, levando à diminuição de visão. Está normalmente relacionado com o aparecimento de Pterígeo, Pinguécula ou Traumatismos Químicos Prévios.

Olho Seco:

O Olho Seco é uma das patologias mais frequente em Oftalmologia, estando estimado que 14 a 33% da população mundial sofra desta doença; é uma das principais causas de consulta em Oftalmologia. A sua prevalência aumenta com a idade, é mais frequente em mulheres, e tem um impacto direto em múltiplas atividades (laborais e de lazer).

O Olho Seco é causado por um défice de produção lacrimal ou por um excesso de evaporação das lágrimas produzidas; este último é o fator principal em cerca de 75% dos doentes e deve-se à Disfunção das Glândulas de Meibomius. Estas estão presentes em grande quantidade na região palpebral e são responsáveis por produzir o componente lipídico que fortalece a qualidade da lágrima que recobre a superfície externa do olho.

A disfunção descrita anteriormente, está associada em grande parte à inflamação crónica presente na Blefarite. A disfunção destas glândulas e a Blefarite levam à produção de uma lágrima natural de fraca resistência à evaporação, levando aos sintomas típicos de picada, secura, lacrimejo frequente (mais intenso durante tarefas de leitura ou computador), olho vermelho e ardência, bem como flutuação da visão e mesmo inflamação ocular crónica.

Opacidade Corneana:

A córnea é, em situação normal, uma estrutura transparente e regular. No entanto, diferentes doenças (congénitas e adquiridas) como infeções, inflamações ou traumatismos podem provocar uma perda localizada ou difusa da sua transparência. As cicatrizes que se formam na córnea, como resultado desses problemas, são opacas e diminuem a visão.

Pterígio:

É um crescimento anormal da conjuntiva na córnea. Ocorre com mais frequência no lado nasal, mas pode também ocorrer no lado externo do olho, ou ambos.

Queratite:

A queratite é uma inflamação da córnea, a estrutura mais anterior e transparente do globo ocular, que pode dever-se a múltiplas causas. Se afeta apenas a parte externa (epitélio), que é o mais frequente, é chamado de queratite superficial e geralmente cura-se sem sequelas. Caso contrário, se afetar camadas mais profundas é uma queratite ulcerativa, menos comum, mas pode ser muito grave. Quando deixa uma cicatriz na córnea (leucoma), a visão fica gravemente comprometida.

Queratocone:

O queratocone é um distúrbio ocular no qual a área central ou paracentral da córnea se afina progressivamente. A sua forma esférica usual, muda para a forma de cone, originando um astigmatismo irregular que distorce as imagens e uma diminuição sucessiva da visão. O queratocone é a primeira causa de transplante de córnea em pacientes jovens; deve ser diagnosticado de forma precoce, de forma a poder ser tratado de forma adequada com Lentes de Contacto ou Cirurgias de Córnea como o “Collagen-Crosslinking” ou o implante de Segmentos de Anel Intracorneanos.

Tumores de Conjuntiva:

São tumores que aparecem na conjuntiva, que é a membrana mucosa e transparente que envolve o globo ocular, desde a periferia da córnea (limbo) até o fundo da junção conjuntival. Estes tumores podem ser benignos ou malignos, pigmentados ou não e, em alguns casos, podem pôr em risco a visão e a vida do paciente por isso, requerem um diagnóstico precoce para receber um tratamento adequado.

Úlcera de Córnea:

É uma lesão na córnea que pode tornar-se muito grave se não for tratada a tempo. Pode ser causada por infeções, nomeadamente pelo uso de lentes de contato, trauma, presença de um corpo estranho no olho e/ou o fechar inadequado das pálpebras.

Tratamentos

Cirurgia de Tumores da Conjuntiva:

Consiste na extração cirúrgica de tumores da conjuntiva, gerando a menor cicatriz possível e procurando a extração total da lesão. No caso de o tumor ser maligno, este deve ser enviado para análise anatomopatológica (biopsia).

A cirurgia está indicada em todos os casos de tumor maligno. Nos casos em que a lesão não puder ser removida completamente, uma vez que a biópsia confirme o diagnóstico, deve definir-se terapia coadjuvante (quimioterapia, radioterapia). Se o tumor for benigno, a cirurgia está indicada em casos em que implique um risco para a visão. Outros casos, podem ser observados e seguidos clinicamente.

Antes da cirurgia os pacientes não devem tomar anticoagulantes ou aspirina. O procedimento é realizado sob anestesia local e sedação.

Cirurgia de Pterígio com Excerto Conjuntival:

Esta cirurgia realiza-se nos casos em que o pterígio produz desconforto ao paciente, sempre que o aumento do tamanho do mesmo passe a ocupar a zona pupilar, provocando astigmatismo ou impossibilitando a visão, sendo necessária assim uma cirurgia.

Cross-linking Corneano:

O cross-linking corneano consiste em submeter a córnea a uma determinada radiação ultravioleta, com finalidade de a fortalecer e reduzir a deformação que ocorre nos queratocones.

Queratoplastia Endotelial de Membrana Descemet (DMEK):

É um procedimento de transplante parcial que permite eliminar de forma seletiva a membrana celular endotelial doente e, substitui-la por uma saudável, extraída da córnea de um dador.

Segmentos de Anel Intracorneano:

Os Segmentos de Anel Intracorneanos são uma opção de tratamento no Queratocone. O seu implante através de técnica assistida por Laser de Femtosegundo permite alterar a curvatura irregular da córnea; o astigmatismo irregular e as aberrações de alta ordem na imagem do paciente. São o tratamento refractivo mais completo para o Queratocone e o índice de eficácia e segurança que evidenciam são elevados. Permitem evitar a necessidade de realização de Transplante de Córnea.

Transplante de “células-mãe” Corneanas:

A zona periférica esclero-corneana é uma zona de transição, um anel que envolve a córnea e que faz a sua união com a conjuntiva. Além disso, esta zona periférica da córnea contém “células-mãe” do epitélio corneano, que crescem na periferia, e que vão migrando até ao centro, onde finalmente se integram na estrutura da córnea.

Existem vários fatores, congénitos ou adquiridos, que podem danificar gravemente essas “células-mãe”, e provocar o que se designa de síndrome de insuficiência límbica. O síndrome de insuficiência límbica supõe que deixa de haver uma fonte de “células-mãe” do epitélio corneano. O resultado é uma invasão de células epiteliais da conjuntiva sobre a córnea, que aproveitam o fato de o limbo ter deixado de atuar como barreira para inibir o crescimento da conjuntiva.

A expansão do epitélio da conjuntiva sobre a córnea provoca uma perda de transparência e consequentemente de visão, além de problemas de aderências, erosões, úlceras, inflamações crónicas e crescimento anómalo de vasos. Quando o síndrome de insuficiência límbica ainda não está totalmente desenvolvido, pode ser tratada com colírios. Em casos graves, no entanto, o transplante de "células-mãe" corneanas é a melhor opção.

Transplante da Córnea Total ou Parcial:

O transplante de córnea (queratoplastia) pode ser completo, quando é substituída a totalidade da córnea, ou parcial, quando se substituem apenas as membranas que foram afetadas. Portanto, dependendo da extensão da lesão, podemos diferenciar dois tipos de transplante parcial:

- Transplante de Córnea Endotelial (DSAEK ou DMEK): quando a lesão se produz no endotélio, ou seja na membrana mais interna.

- Transplante de Córnea Anterior (DALK): quando a lesão se produzir no estroma, que representa 95% da totalidade da córnea.

Se a parte afetada é o epitélio, a membrana mais externa, deve levar-se a cabo um transplante de “células-mãe” corneanas.

Transplante de Membrana Amniótica:

O transplante de membrana amniótica consiste na aplicação de um fragmento de membrana amniótica sobre a superfície ocular. Este fragmento fixa-se aos tecidos através de finas suturas, e existem diferentes formas de aplicação, conforme o tipo de lesão: revestimento ou enxerto.

Se apenas houver defeito do epitélio (camada mais superficial da córnea ou da conjuntiva), mas o estroma (segunda camada) estiver saudável, a membrana amniótica é usada para cobrir toda a superfície, para que os fatores de crescimento que contem, façam com que as células do epitélio comecem a crescer. Após alguns dias, a membrana pode ser facilmente removida na consulta.

A membrana amniótica desencadeia um processo rápido de cicatrização de feridas, que pode durar entre 2 e 15 dias, dependendo da patologia ocular que está a ser tratada. Em casos de lesão mais profunda, que também envolvem perda de estroma, a membrana é enxertada, preenchendo a lacuna. Nesse caso, as células não crescem por baixo, como quando colocadas como um revestimento do epitélio, mas fazem-no até substituir essa membrana, que é progressivamente reabsorvida.

O enxerto envolve um processo de cicatrização mais lento, no qual a membrana demora alguns meses a ser reabsorvida. Durante este tempo, a membrana amniótica induz uma opacidade que pode limitar a visão de forma transitória.

Tratamento do Olho Seco:

O tratamento convencional inclui o uso de lágrimas artificiais, limpeza palpebral, aplicação de calor e massagem sobre a área palpebral onde se situam as glândulas e muito recentemente a aplicação de Luz Pulsada para estimular o melhor funcionamento das Glândulas de Meibomius.

O Tratamento de Luz Pulsada foi desenvolvido em França e na Suíça, a partir de dispositivos usados há vários anos para tratamento de doenças de pele (Rosácea) através do mesmo conceito. O tratamento é indolor, não carece de preparação e está dividido em 3 sessões, cada uma das quais com uma duração de cerca de 10 minutos.

A estimulação das glândulas promovida pela aplicação da Luz Pulsada associada à manutenção de algumas medidas de higiene local e de lubrificação, permitem obter uma melhoria global dos sintomas dos doentes, havendo uma franca diminuição da frequência de instilação de gotas lubrificantes, bem como uma melhoria da qualidade de vida do doente. O tratamento pode ser repetido ao fim de 2 a 3 anos, se necessário, para reforçar o seu efeito.

Os resultados clínicos publicados e a experiência pessoal obtida na clínica, reforçam a aplicação deste tipo de tratamento num sucessivo aumento da quantidade de doentes, fruto dos ótimos resultados observados.

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